Com a apresentação do presente contributo, a AFESP invoca, num quadro de defesa do sistema para o Plano Estratégico de Segurança, a necessidade de Investimento qualificado na conservação da sinalização, baseado em critérios de qualidade, de cumprimento de especificações e das melhores práticas europeias, mais do que no preço ou apenas no preço, como forma de promoção da segurança na utilização das estradas portuguesa.
Em matéria de segurança rodoviária, considera-se que o ambiente rodoviário influencia diretamente os utentes das vias rodoviárias, isto é, para além da tecnologia presente nos veículos e da experiência dos condutores, também a infraestrutura e a sua conservação apresentam um papel fundamental na promoção da segurança rodoviária.
De todos os elementos pertencentes à infraestrutura rodoviária, a sinalização é um dos que mais importância recebe por parte dos utentes das vias rodoviárias, tendo em conta a sua utilidade na regulação do trânsito e no apoio que oferece aos utentes na compreensão da via, promovendo um uso seguro da mesma. E, é neste contexto, que o presente contributo entende ser essencial analisar o quadro da Sinalização Rodoviária em Portugal, baseando-se, fundamentalmente, na perceção dos utentes da estrada relativamente ao estado da sinalização existente.
Para esta análise há que ter em linha de conta a evolução da sinistralidade rodoviária em Portugal e na Europa, procedendo-se à comparação entre vários países europeus. Neste âmbito, é possível verificar que Portugal apresenta um nível de sinistralidade rodoviária superior aos restantes países analisados nos últimos anos, considerando os indicadores de sinistralidade rodoviária mais comuns para o estudo desta temática.
As principais considerações no contributo AFESP para o Plano Estratégico apontam para a necessidade de criar condições para a adequada visibilidade da sinalização permanente e temporária.
A visibilidade da sinalização deve melhorar sobretudo nas Estradas nacionais e Municipais; No que diz respeito ao IP/IC/EN, as marcas rodoviárias são as que carecem de maiores melhorias em termos de quantidade e qualidade.
A ter em conta que a verba anual dirigida à manutenção da sinalização horizontal e vertical é escassa, correspondendo a cerca de 30% do montante que se considera necessário para garantir um aceitável nível de segurança rodoviária, com adequação aos normativos europeus e um imprescindível contributo para uma efetiva redução da sinistralidade em Portugal.
Deve ser fomentado o diálogo com a Indústria e com a engenharia rodoviária para reforço da valorização e capacitação técnica, tecnológica e humanas adequadas.
É indispensável que o Estado proteja as competências de engenharia das empresas do setor que estão aptas a produzir e a exportar serviços para alavancar a sua expansão.
A monitorização/fiscalização, são também absolutamente decisivas para fazer cumprir a legislação referida e as normas europeias.
Adicionalmente, o avanço tecnológico verificado a nível mundial terá um impacto no desenvolvimento da sinalização rodoviária, permitindo uma melhor instalação e conservação dos sinais, marcações e equipamentos rodoviários, assim como uma melhor legibilidade dos mesmos por parte dos utentes e veículos que circulam na estrada. A tecnologia poderá certamente aperfeiçoar a comunicação existente entre os três grandes pilares da rede rodoviária: veículos, infraestruturas e condutores.
Na Segurança Rodoviária o critério de “o preço mais baixo “não deve ser fator determinante para contratar, sendo importante equilibrar com premissas de qualidade. Os Concursos públicos com critério de adjudicação meramente do preço mais baixo, têm permitido que qualquer empresa, mesmo não sendo do setor, apresente propostas e ganhe, em prejuízo do próprio setor e das empresas especializadas que contribuem para o desenvolvimento do setor e para a manutenção de empregos. O que foi contratualizado tem de ser cumprido, sem o que se favorece quem não cumpre, com prejuízo para o Estado, contribuintes e empresas credenciadas do setor.
A sinistralidade em Portugal custa ao país mais de 3.300 milhões de €/ano. Neste contexto, um investimento qualificado, regular, planeado e cumprindo com o normativo europeu, que respeite as melhores práticas da engenharia do setor, não é custo, mas um claro beneficio para todo o tecido social!
Comunicado AFESP - Escalada de Preços das Matérias Primas
A AFESP fez chegar ao gabinete do Ministro da Economia as suas preocupações face à situação atual do fornecimento de matérias-primas para o fabrico de materiais de sinalização rodoviária.
Aço e Alumínio
Tem-se verificado no mercado nacional um forte aumento dos preços de produtos de alumínio e aço acompanhado de condicionamentos no abastecimento destes produtos ao mercado interno.
Esta evolução nos últimos meses reflete uma forte ascensão das cotações internacionais destas matérias primas, encontram-se desde o inicio do ano em níveis bastante superiores aos observados, em média, no ano anterior.
Relatórios internacionais recentes atribuem a explicação destas subidas a desequilíbrios existentes entre a oferta e a procura mundial destes produtos, derivadas, sobretudo, do condicionamento das exportações provenientes de grandes países produtores, conjugado com o forte crescimento das importações de gigantes populacionais asiáticos como a China e a Índia, apontadas como as causas do aumento exponencial das cotações de mercado.
Portugal importa toda a matéria-prima, visto não dispor de indústria siderúrgica extrativa e obrigase a importar parte do consumo doméstico de produtos siderúrgicos.
A inflação sem controlo dos preços do aço e do alumínio e as demais matérias primas constituem uma verdadeira ameaça à sustentabilidade da indústria do sector - pequenas e médias empresas nacionaise representam um retrocesso na segurança rodoviária, na medida em que a derrapagem no orçamento apenas se poderá ultrapassar com a diminuição da qualidade dos materiais, designadamente na diminuição da espessura das placas de sinalização.
Há ainda que contar com elevados custos resultantes de um maior desperdício industrial, devido á necessidade de utilização de matérias primas com dimensões alternativas.
O setor de sinalização está a ser significativamente lesado estando a tentar absorver o aumento verificado, o que não é nem pode ser solução, além de insustentável.
A tudo acresce os custos com a manutenção de pandemia onde os problemas económicos causados são agravados pelo comportamento instável dos preços destas matérias primas, fundamentais para o fabrico de diferentes equipamentos de infraestruturas e sinalização vertical rodoviária.
Tintas e solventes
A nível internacional constatasse uma forte interrupção na produção mundial de matérias-primas essenciais, como solventes, resinas, dióxido de titânio, necessárias para a fabricação de materiais de marcação rodoviária. A escassez de entrega de materiais estão a gerar atrasos substanciais no fornecimento global destas matérias primas e presume-se que a situação irá agravar-se, o que causará atrasos potenciais na programação de contratos de pinturas das estradas nas próximas semanas e meses.
Este quadro tem impacto não apenas na indústria de produção de marcação rodoviária, mas em todo o negócio de tintas, vernizes e revestimentos, em Portugal e em todo o mundo, conforme recentemente divulgado pela Associação Comercial Europeia do Setor de Tintas (CEPE).
A situação atual tem e terá um impacto muito negativo na disponibilidade de materiais para operações de sinalização rodoviária em Portugal, na Europa e fora dela. A indústria de sinalização rodoviária está a fazer tudo o que pode para superar esta situação e tentar respeitar os compromissos com os seus clientes e com a segurança rodoviária. Contudo, a manter-se esta situação, dificilmente poderá suportar as exigências do mercado e algumas empresas fornecedoras do sector começam, inclusivamente, a não poder dar preço, devido à instabilidade do mercado. Na verdade, as empresas portuguesas estão a suportar sozinhos os aumentos dos custos de produção e a absorver os aumentos das matérias e materiais, o que compromete a sua própria viabilidade.
Esta volatilidade dos preços e alteração dos prazos de entrega prejudica duplamente as empresas nacionais do sector, uma boa parte subcontratadas, uma vez que tendem a trabalhar com base em preços e condições acordados previamente no pressuposto de situações estável.
Por outro lado, por este conjunto alargado e preocupante rol de razões, está posta em causa a melhoria da segurança rodoviária e da mobilidade nas estradas portuguesas.
Todos os factos ocorridos são de caráter externo às empresas, ou seja, causados por factos não imputáveis à empresa e de caráter geral não particular, seja pela pandemia, seja pela inflação e escassez anormal dos valores das matérias primas e demora na entrega.
Acrescem os custos decorrentes da pandemia, como sejam as medidas sanitárias de segurança e as alterações laborais (desfasamentos de horários, afastamento de trabalhadores de grupo de risco, custos do equipamento de teletrabalho).
Vivemos tempos de grandes desafios. A pandemia e as demais circunstâncias exógenas vieram exigir muito mais de todos nós e a resiliência que a todos é exigida terá de passar por uma revisão de preços, atenta as circunstâncias anormais para repor o equilíbrio nos contratos celebrados.
Espaço Empresas / Membros Associados: Professora Elisabete Freitas
Elisabete Freitas, Membro AFESP ISISE - Institute for Sustainability and Innovation in Structural Engineering Professora Assistente na Universidade do Minho
SIMULADORES DE REALIDADE VIRTUAL NA INVESTIGAÇÃO EM SEGURANÇA RODOVIÁRIA
A investigação no domínio da segurança rodoviária está diretamente relacionada com a garantia da integridade física dos indivíduos, sejam eles condutores ou passageiros de veículos, peões ou utilizadores de outros modos suaves de transporte. Isto coloca desafios relevantes no que toca ao estudo do comportamento destes agentes em situações de risco. Torna-se difícil recriar, em condições “laboratoriais”, cenários realistas que permitam estudar, por exemplo, reações de condutores ou peões em contextos de perigo e garantir a sua segurança nesse estudo.
Como forma de ultrapassar esse desafio, nos últimos anos, tem sido cada vez mais comum o uso de simuladores de realidade virtual em estudos de segurança rodoviária. Estes dispositivos permitem que participantes reais sejam testados em situações realistas e potencialmente perigosas, sem que na verdade corram algum perigo.
Diversos fabricantes de automóveis fazem uso corrente destes dispositivos no desenvolvimento dos seus veículos, como forma de estudar, por exemplo, como é que diferentes opções de design dos sistemas HMI (Interação Homem-Máquina) no interior do veículo potenciam a distração dos condutores durante a condução.
A Universidade do Minho e uma das suas instituições de Interface, o Centro de Computação Gráfica (CCG) em Guimarães, têm, nos últimos anos, desenvolvido atividades que fazem uso de simuladores na investigação em segurança rodoviária. O CCG acolhe, nas suas instalações dois simuladores. Um deles é um simulador de condução desenvolvido nos projetos em parceria com a BOSCH Car Multimedia (Braga) e visa suportar o desenvolvimento de sistemas HMI e validar novos conceitos de interação, adequados aos desafios da mobilidade autónoma e conectada.
O outro simulador é direcionado ao estudo do comportamento de peões, permitindo recriar ruas virtuais e situações de atravessamento.
Estes dispositivos são hoje peças importantes da atividade de investigação desenvolvida pela Universidade do Minho/CCG. São parte de projetos com parceiros da indústria, com especial relevo para a BOSCH. O simulador de travessias é uma ferramenta relevante em estudos de segurança rodoviária que se debruçam sobre a interação entre peão e veículo, particularmente numa altura em que se fazem previsões sobre a generalização dos veículos autónomos.
Ferramentas de simulação desta tipologia são fundamentais na investigação em segurança rodoviária e de utilização crescente em contexto de apoio ao projeto. Fazem parte da estratégia da Universidade do Minho e do CCG que pretendem assumir-se como instituições de referência no panorama nacional e europeu em termos da inovação e segurança na mobilidade rodoviária.
AFESP nas Redes: RTP 2
O programa Sociedade Civil (RTP2) com o tema "SEGURANÇA RODOVIÁRIA" foi para o ar no passado dia 17 de Fevereiro, pelas 14H00, com a participação de Ana Raposo, Secretária Geral da AFESP . A entrevista pode ser vista na íntegra em https://www.rtp.pt/play/p8271/e525045/sociedade-civil.